10/04/2013

Preocupações de mãe

Charlotte iria tirar o gesso, finalmente. Estava cansada de sentir pena de si mesma, depois sentir raiva de si mesma depois sentir nada enquanto assistia à televisão. Para comemorar, pensou em ir conhecer a cidade um pouco. Estava no Rio há pouco mais de quatro meses e ainda não conhecia nada mais que a sua rua e o caminho do colégio para a praia.  Até que lembrou-se do motivo de não ter ido conhecer a cidade. Foi para aqui que ele tinha vindo quando a deixou. Foi quando veio para cá que havia sido covarde o suficiente em relação à despedidas, condição para ser canalha até a medula com ela.

Joaquim. 

O nome dele ardia na boca do estômago dela. Olhando-se no espelho, começou a flexionar-se. Sentindo a coluna protestar depois relaxar, reconhecendo o exercício, pensou. Ela pensava tanto nele por saudades, ou por costume? Não, não seria costume. Já tinha tentado parar de pensar nele, ou seja, parou de pensar em parar de pensar nele. Mas até o perfume de lavanda que ela usava há anos instigava perguntas, anotações mentais. Será que ele reparava em seu perfume quando a abraçava? Charlotte tuna vontade de morder e se alimentar da pele logo abaixo ao maxilar dele - aquela macia e sempre quente. 
"Charlotte! Sabe que não pode forçar o tornozelo, pare com isso!"
Olhou para a mãe e sorriu. 

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