Sei que falam de mim por aí. Palavras vestidas de compaixão que pensam com pena e choram alívio. Não aconteceu com eles, dessa vez a morte foi só de vista. Não respeitam minha dor, não respeitam meu pranto de mãe. Não aprendem com minha dor, com meu pranto.
Filosofam sobre como é fugaz a vida, dizem como era uma menina cheia de vida, derramam-se em elogios - pois, para os mortos que já não podem ouvir, suas palavras são boas e sempre gentis. Pior aqueles que, calados, dão tapinhas no ombro e se unem ao velório com os olhos brilhando de curiosidade - fofocas fúnebres.
Chamam-me pelo nome, tocam em mim, olham-me e trazem flores.
Mas os presentes não são para mim. São ofertas à Morte, como quem oferta um ditador: com temor, com alívio. Minha filhinha riria deles. De todos.
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