Charlotte nunca termina uma história. Na verdade, a maioria delas começa do meio. Charlotte sempre "arruma" o corte que o cabeleireiro fez, nunca está do jeito certo. Acha vulgar cuspir na rua e finge ser bailarina nas horas vagas. Tem medo da loira do banheiro e sempre dorme com os pés cobertos, mas não tem medo do escuro. Ou do que possa ter no escuro.
Charlotte faz aquarelas de supostos amores, mas nunca se apaixonou de verdade. Tem medo de morrer e nunca ter amado e tem medo de morrer por ter amado. Escreve em terceira pessoa sobre si própria, tentando se distanciar de si mesma, mas se pergunta se alguém consegue. Charlotte sonha com o dia em que fizer a sua auto-biografia não precise usar o "mas".
Nenhum comentário:
Postar um comentário