19/12/2013

Copo d'água.

Sabia que só podia sonhar. Sabia que nunca viveria o que lia, sonhava. Cresceria, envelheceria e aceitaria o que viesse, sabia. Sem relacionamentos profundos, mas calmos e ternos. Sem um lugar pra chamar de lar e cheia de contas pra pagar. Nunca satisfeita com o mundo, sempre frustrada por não. Como por não? Por não conseguir parar de comer carne e por não conseguir a proteção total dos animais. Por não separar o lixo e querer preservar o meio ambiente. Se tornara a hipócrita que nunca quisera ser.
Sentia na boca o gosto amargo da desilusão, e tinha medo da desesperança. Um medo primitivo de, assim que não tiver mais esperança, morrer. Morrer completamente, agora só estava murcha, sem cheiro, sem nada. Então lia para aplacar a ansiedade que não pode ser saciada e lia para manter, em sonhos, a brisa da esperança.
Mas, oh, como doía.

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